Tarefa complicada conseguir contar e listar os (criativos) nomes das bandas de forrós espalhadas pelo Brasil. Em uma primeira tentativa, podemos citar Solteirões do Forró, Casadões do Forró, Forró do Muído, Aviões do Forró, Gaviões do Forró, Mastruz com Leite, Brucelose, Cavalo de Pau e por aí vai. Agora se tem uma que chamada a atenção pelo nome e estrutura é a sergipana Calcinha Preta.
Prestes a completar 14 anos de história, o grupo estourou nacionalmente depois de a música "Você Não Vale Nada", de Dorgival Dantas, estourar na voz deles e ser selecionada para compor a trilha sonora da novela Caminho das Índias. Se não bastasse o privilégio de estar todos os dias na TV, a música foi tema do casal Abel e Norminha, um dos mais populares da trama.
A caminho de um dos 30 shows realizados por mês, o vocalista alagoano, Marlus Viana, conversou por telefone com o Buchicho e falou sobre o porquê de a Calcinha Preta ocupar locais de destaque no mundo dos forrozeiros.
O POVO - Não há receio de a banda Calcinha Preta cair no esquecimento após o fim da novela Caminho das Índias?
Marlus Viana - A banda já tem quase 14 anos de história. Nem todo mundo sabe, mas antes mesmo da novela nós já éramos consideradas pelo público do forró como a melhor banda do Brasil. Sucessos como "Cobertor", "Hello" e outras são sucesso há muito tempo.
OP – Vocês participaram de algumas cenas. Como foi o encontro com os atores Dira Paes e Anderson Muller?
Marlus - Eles são maravilhosos. O Anderson é uma simpatia e a Dira também, né. Já havíamos feito vários programas antes, mas quando fomos gravar o Criança Esperança deste ano (ah, fomos a primeira banda de forró a participar do Criança Esperança) vários artistas consagrados vieram fazer fotos com a gente. A Susana Vieira foi uma delas, que veio, abraçou...Foi maravilhoso.
OP - Qual seria a aposta de novo sucesso após "Você Não Vale Nada"?
Marlus - A gente aposta na música ôComo Fui Me Apaixonar®, que é uma versão da música da Beyoncé. Nós já temos a liberação para usar a música e em alguns lugares já está em primeiro lugar, inclusive em Fortaleza. Então, esta é a nossa música de trabalho e aposto que vai ser estouro como muitas outras.
OP - Dorgival Dantas, o autor da música, já cantava e fez muito sucesso por aqui com "Você Não Vale Nada". Por que você acha que ele não estourou nacionalmente?
Marlus - Além do Dorgival, outras bandas como Solteirões (do Forró) e Aviões (do Forró) também cantam , mas acredito que por tudo que a Calcinha oferece, nós fizemos o sucesso. Mas temos que falar também da sorte, né, de a Glória Peres ter gostado. Ela queria um forró para a trilha e fez uma seleção, então acho que por causa da nossa trajetória, fomos escolhidos. Sem falar que todo mundo tem na vida uma pessoa que não vale nada, mas mesmo assim gosta.
OP – A banda é formada por vários casais. Isso acaba facilitando o relacionamento?
Marlus - Calcinha Preta é uma banda de casais. Eu sou casado com (a vocalista) Paulinha, Silvânia com um iluminador e entre os dançarinos também há dois casais. É muito difícil manter uma relação com este ritmo que nós levamos, tanto em relação à distância como o tempo. Nós chegamos a passar 30 dias longe de casa, então o amor nasce na banda. Estou morrendo de saudade de Paulinha, já que ela está afastada da banda por conta de uma lipoescultura que ela fez. Ela vai voltar mais turbinada, mas acho que não vai dar tempo de ela fazer o show em Fortaleza.
OP - Dentre tantas bandas espalhadas no Brasil o que diferencia a Calcinha Preta do restante?
Marlus - Há vários motivos. Por exemplo, nós somos pioneiros em muitas coisas: fomos a primeira banda de forró a gravar um DVD, a primeira a fazer uma turnê internacional, a primeira a ter uma música na trilha sonora de uma novela do horário nobre, a única que levou mais de 100 mil pagantes a um show. Então é muita inovação, não é verdade? Tudo isso faz como que a banda seja reconhecida como a melhor. Claro que há várias outras bandas boas como a Aviões do Forró, também, mas são bandas mais recentes, que tem menos de 10 anos e nós temos mais tempo de estrada, por isso temos este respeito e esta admiração do público forrozeiro.
OP - Você citou a turnê internacional. Como é a receptividade do público em outros países?
Marlus - Nós já fomos três vezes aos Estados Unidos, duas vezes a Europa e também ao Canadá. Só em irmos e ter voltado, já é sinal de que foi sucesso e a galera gostou. A aceitação do público é maravilhosa, sempre. A maioria sem dúvida é de brasileiro que vai matar a saudade, mas o público de lá sempre acompanha e acabam sendo levado pelo ritmo da Calcinha Preta, que contagia qualquer cidadão em qualquer lugar do mundo. Eles não sabem dançar, mas sabem apreciar nossa música.
OP - Como é esta história da distribuição de calcinhas nos shows?
Marlus - É uma marca nossa há mais de dez anos. São distribuídas de 30 a 50 unidades por show, já vi até briga para pegar estas calcinhas. Fora dos shows, nós também presenteamos as fãs, então já perdi a conta da quantidade que nós fabricamos. Inclusive, nós temos uma fábrica para confeccionar as calcinhas (risos).
OP – Vocês estão preparando uma homenagem ao Roberto Carlos?
Marlus - Já gravamos a música ôEu Amo Demais®, de Roberto Carlos, e ficou linda. Fizemos também uma homenagem ao Michael Jackson e gravamos uma versão da música ôBen®. Nós não somos nada perto dele, mas tivemos que fazer esta declaração a ele, que foi o maior artista de todos os tempos. Pouco tempo depois da sua morte, a nossa música-homenagem já era uma das mais tocadas nas rádios.
OP - Vocês possuem 21 CDs gravados. Como é este ritmo tão acelerado de gravações?
Marlus - São cerca de três ou mais por ano, porque além dos 21 oficiais, ainda tem os de pré-lançamento. Mas isso é bom porque a gente está sempre renovando e evitando cair na mesmice para não cansar o público. O Calcinha Preta número 22 deve ser lançado em fevereiro ou março do ano que vem.
OP - A troca de integrantes, principalmente de vocalistas é muito comum na banda. Isso não traz uma dificuldade para o público identificar a banda?
Marlus - Isso é verdade, mas a Paulinha e a Silvânia são o ponto de apoio para a banda não perder esta identidade. Elas são exemplo e tem 10 anos na banda. Este é outro recorde: ter uma dupla feminina a mais tempo no forró. São cinco vocalistas no total, por causa da carga de shows que é muito alta. Então fazemos rodízio para preservar a voz e o físico um do outro. Mas voltando, certamente, as pessoas estranham as trocas, mas as meninas são as referências e elas não saem por nada da banda.
OP - Recentemente, os bailarinos posaram nus. Vocês encaram isso de forma positiva?
Marlus - Este é mais um fator de pioneirismo. Não foram todos que toparam: o Júnior Só Cintura não quis por motivos pessoais e é todo direito de cada um. Mas a aceitação foi maravilhosa. Nosso público é grande e os meninos mostraram que eles se cuidam, passam o dia malhando e mostraram isso na (revista) G Magazine. O sucesso foi tão grande que dois deles, Dorian e Reginaldo, saíram da banda e estão seguindo carreira solo, aproveitando o sucesso que foi o ensaio. Já há substituição em vista, mas não tenho os nomes ainda.
OP - Muitas bandas de forró, como Forró do Muído e Aviões do Forró, puxam trio elétrico em micaretas. Vocês também aderiram às micaretas?
Marlus - Nós também fazemos, inclusive vamos estar no Pré Caju (em Aracaju), uma das maiores micaretas do Brasil. A Paulinha e a Silvânia têm mais esta pegada do axé. Eu vou mais no estilo romântico, prefiro as músicas mais apaixonadas.
OP - A agenda da banda já está completa até o fim do ano. Como é esta maratona de shows?
Marlus – Para janeiro e fevereiro de 2010 a agenda já está completa e metade de março também. Em janeiro do ano passado, já tinha contrato para janeiro de 2010. Nós fazemos 30 shows por mês e em junho, mês de São João, nós chegamos a fazer 48 por mês. Já fizemos sete shows em dois dias, uma marca absurda.
OP – Quanto ao show de hoje, em Fortaleza. O que vai ser apresentado?
Marlus - Nós vamos apresentar novos sucessos e antigos, além das músicas sensuais, agitadas e românticas. Temos esta característica de ser bem versátil e eclético. Conseguimos agradar a gregos e troianos e onde a gente chega é respeitado e admirado por causa da nossa bagagem. Há toda uma preocupação: nosso cenário é com painel de led, os artistas são tops, os bailarinos super selecionados e tem que ser assim para manter o sucesso.
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